Texto por: Beth Venzon

Alguns momentos da história são marcantes. A década de 1920 foi tema de pesquisa e inspiração para o desenvolvimento da nova coleção, principalmente pela representatividade deste período para o século 20 em termos de mudanças e transformações de uma sociedade pós Primeira Guerra Mundial e por consequência trazendo inovações, inaugurando o século à luz do que seria a modernidade.

Além de ser um marco após esse grande trauma da história, o período sinaliza ainda a celebração da vida pós a pandemia da gripe espanhola. Reflexões importantes que nos mostram caminhos e um novo estilo de vida atravessando os muitos desafios.

As dificuldades enfrentadas anteriormente motivarão um recomeço festivo com clima de prosperidade na construção de uma estética mais livre no vestir, de diálogos e rupturas das formas convencionais. Tudo reflexo de uma nova forma de ser e pensar. E assim iniciou o período que ficou conhecido como Les Années Folles ou “Anos Loucos”.

            

O estilo Art Déco, celebrado na exposição Exposition Internationale des Arts Décortifs et Industriels Modernes (1925), valorizou as formas geometrizadas com efeitos decorativos preciosos. Um sucesso! Os movimentos de seus desenhos refletiam o ritmo e a velocidade da indústria e da cidade desse período. Dourados, brilhos e cores metálicas entraram em cena, fortalecidas com as descobertas arqueológicas egípcias da Tumba do Faraó Tutankamon. Um novo conceito estético decorativo e de mobiliário encantou e ganhou espaço.  Foi um incentivo à colaboração entre artistas, artesãos e fabricantes de manufaturas, promovendo as artes aplicadas francesas.

O espírito de liberdade e criatividade podia ser visto em todas as áreas. Paris chamava a atenção por ser a cidade onde tudo era inovação e de onde partiam para o mundo as informações e as direções da elegância e da sofisticação do vestir.

Na arte, movimentos de vanguarda como Futurismo, Construtivismo, Cubismo e Neoplasticismo, entre outros, foram fortes e influentes em seus conceitos e ideias.  Os conceitos de design da Bauhaus construíam a expressão do novo tempo.

Isso tudo ocorria em sintonia perfeita com os novos ritmos musicais do momento, como o Jazz e o Charleston. A moda e a música convidavam todos a se movimentar livremente e agitadamente, dançando a noite toda no doce farfalhar das franjas e bordados, em um som poético de tecidos leves e coloridos.

      

Nas obras, a celebração de novas formas de expressão, capazes de apreender e representar os problemas contemporâneos em uma linguagem própria.

A sofisticação foi renovada com elementos modernos, mesclados a resgates de memórias, histórias, lugares, estilos clássicos ou exóticos, mas com a direção de futuro: renovação e evolução.

           

Ao falarmos em moda, a nova estética foi desenhada por Gabrielle Chanel, protagonista absoluta que, de forma visionária, criou e simplificou as formas, valorizando os materiais e promovendo um estilo moderno e descomplicado de vestir, com decorativismos pontuais.

Observadora atenta, Chanel mesclou informações dos universos masculino, do trabalho, do esportivo e dos locais por onde circulou, criando peças diferenciadas que se tornaram atemporais. Inovadora, levou o tweed para a moda feminina em 1928, o qual se tornaria para sempre um grande componente de sua linguagem estética e ao mesmo tempo um clássico no vestir. Foi ela que sinalizou, nesta época, a linguagem de uma nova elegância, apresentando o novo luxo: o luxo da simplicidade. E os acessórios, a partir de suas propostas, igualmente se tornaram fundamentais. 1921 foi o ano de lançamento do perfume icônico Chanel nº 5 e também da Vogue Francesa, aumentando a visibilidade e importância da moda.

     

Novos ritmos cromáticos.

Novos ritmos de formas.

Novos ritmos de estilos.

Novos ritmos de vida.

Visões e construções inovadoras combinadas a novos lifestyles.

Diálogos criativos, transformações significativas.

Moda, arte, design, arquitetura, entrelaçadas em inovações ao criar e ou mesclar materiais, gerando novos e desafiadores conceitos e possibilidades. Ousadia.

Narrativas estéticas e arquiteturas têxteis celebram os novos 20!

Inspiração!